segunda-feira, 4 de abril de 2011

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Preciso escrever pra desabafar o que tô sentindo, antes que eu exploda alguma coisa ou alguém.
É nos momentos de raiva que as pessoas demonstram o que são de fato e o que representamos pra elas. Hoje tive a sensação de ser um punhado de horas, só, nada mais do que isso.
Não adianta, por mais que façamos, nos dedicamos, nunca seremos verdadeiramente reconhecidos por isso, pelo menos não nessa vida, tomara que exista uma outra vida, melhor que essa.
Tô sentindo o sangue ferver e pular nas veias, odeio ouvir o que não mereço ou ser julgada precipitadamente, não sei nem o que falar nesse post, as ideias ainda estão borbulhantes, na verdade, acho melhor eu ir parando por aqui antes que eu faça como uns e outros e fale o que não devo.
Vou respirar fundo e me concentrar no que realmente merece minha atenção.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

1ª Aula



Antes de começar a postar minhas experiências com as aulas, é importante dizer que sou professora de informática e essas aulas com o X são para complementar e auxiliar na alfabetização, principalmente porque percebemos que ele adora computador.
As aulas duram 50 minutos e são dadas no período da tarde.
O aluno tem 12 anos e está no 5º ano.

A primeira aula foi uma experiência para conhecê-lo, saber o que ele costuma fazer no computador quando está em casa, quais programas usa, se entra na internet, em que sites entra... Enfim, quando ele chegou na sala disse que era pra ficar a vontade e agir como se estivesse em casa, pra usar o computador como ele custuma usar em casa.

A primeira coisa que fez foi entrar na internet, porém algo o incomodou, descobri que na casa dele a página inicial do internet explorer é o Google, e na escola entramos com o Terra, diante desse incômodo expliquei o que estava acontecendo, e apesar das diferenças de computador pra computador sozinho ele entrou no Google, digitou o que queria e entrou no jogo do Mário, também com algumas diferenças, mas todas foram superadas por ele.

O tempo foi passando e pude perceber que ele não consegue passar muito tempo, mais de 10/ 20 minutos fazendo a mesma coisa, acredito que o tempo de concentração para uma atividade deve ser mais ou menos esse, por isso deve ser importante ir mudando as atividades para que não se sintam cansados.

Passados uns 15 minutos decidi mudar de atividade.
Após a aula de informática X tem aulas de apoio à leitura e escrita, algumas dessas aulas são feitas com folhinhas de atividade para completar lacunas de palavrinhas. Essas folhinhas são feitas por mim no computador, tive a ideia de trazê-lo para dentro dessa atividade, de modo que ele pudesse fazer total parte dela, tanto na resolução, quanto na confecção.

Auxiliei-o então a pesquisar imagens para ilustrar as folhinhas, e sozinho ele teve a iniciativa de entrar no Google – imagens. Foi digitando as palavrinhas que fui ditando, escreveu todas, com a única dificuldade de vez ou outra inverter as letras nas sílabas, por exemplo: GALO - GAOL, isso aconteceu principalmente nas últimas sílabas.

Faltando uns 10 minutos para terminar a aula propus a ele uma atividade no Paint, onde ele fez um desenho da escolha dele, imprimiu, escreveu o nome a mão e levou para a mamãe.
Fez o desenho, mas percebi que Paint não é sua atividade preferida, talvez porque não tenha sido bem desenvolvida sua coordenação motora fina, vou preparar algumas aulas de Paint para trabalhar no aperfeiçoamento dessa área, pois acredito que isso o ajudará na hora de escrever.

Fim da 1ª aula.

Introdução


Não sou nenhuma estudiosa ou perita no assunto, sou apenas uma professora que teve o privilégio de receber um aluno com uma síndrome peculiar e pouco difundida entre as pessoas, a Síndrome do X frágil, que é provocada pela mutação de um gene, o FMR-1, presente no cromossomo X que causa geneticamente o retardo mental mais comum. Também chamado de Síndrome de Martin & Bell, foi descoberta em 1991, por pesquisadores franceses, holandeses e australianos.

Diante dessa falta de informação, de artigos e matérias em revistas que atendam as expectativas de um público leigo, ou mesmo estudos científicos, enfim, algo sobre o assunto que possibilitasse a população em geral saber o que é esta síndrome, decidi então, criar um blog para postar as minhas experiências e estudos sobre o caso. Tomei essa decisão porque com o passar do tempo fui me apaixonando pelas descobertas e realizações do aluno, em ver o entusiasmo de alguns professores em tentar ajudar, nas práticas pedagógicas adotadas e direcionadas a este aluno, formulando estratégias, criando técnicas para que o nosso querido X tivesse um aprendizado significativo, diferente daquele tratamento hostil que recebera em outros colégios, e por outras pessoas e educadores que passaram na sua curta vida de criança.

Quando o X chegou até nós, a atitude foi a de tratá-lo como mais um aluno novo, um calouro, mas que necessitava de uma atenção especial, um aluno de inclusão e não exclusão, portanto foi recebido na escola da maneira mais natural possível, atendendo suas limitações, mas não o menosprezando por isso, afinal todos nós somos limitados dentro da grande magia que é a especificidade humana.

Os demais alunos foram orientados e preparados para receberem o novo colega. Fizemos uma roda da conversa, que fluiu muito bem. Realizamos explicações sobre a síndrome, características, limitações, mas sempre mostrando que assim como o novo aluno, eles também tinham as suas especificidades, os seus limites, com a diferença de que essas suas especificidades e limites eram mais comuns do que a de uma criança que nasceu com essa síndrome.

Bom, o blog será atualizado semanalmente, contendo informações sobre a aula dada, resultados esperados e obtidos e observações feitas durante as aulas.